Monday, October 19, 2009

Carpe Diem (ainda bem que há dias assim)

Às vezes, e perante certos estímulos, ponho-me a pensar nas questões metafísicas da nossa existência. Quem (bem) me conhece, sabe que sou uma pessoa de bem com a vida. Feliz, pode-se dizer. Hoje, apesar de não ter sido necessariamente mau, o dia não correu tão bem; mas isso só me fez pensar nos termos de comparação que tenho, os dias em que penso sempre “ainda bem!”. No meio de uma conversa há dias, alguém dava pela falta dos grandes textos, das crónicas dos dias preenchidos... Pois, não tenho tido tempo. Nem sequer insónias. Mas no meio das minhas divagações e reflexões, penso na vida, que é curta, tão curta que não se admite que lhe façamos outro favor senão o de sermos felizes.

Por isso, ainda bem que há dias assim. Que há sol e dias de Verão a meio do Outono; que há dias em que tudo vale a pena, simplesmente porque acordámos bem dispostos, ou tivemos uma boa notícia, ou temos um objectivo a alcançar no fim do dia.

Ainda bem que há amigas assim. Amigas como só elas. Amigas que são vizinhas, amigas desde os 2 anos, amigas que moram no número 15 da nossa rua, enquanto nós vivemos no 21.

Ainda bem que há músicas destas, que nos fazem perder a vergonha de cantar no carro ou dançar no meio da rua. Que têm letras com significado. Que têm letras sem significado, e que por isso podemos dar-lhes nós o que quisermos.

Ainda bem que há viagens assim. Viagens que nos abrem horizontes. Viagens onde nos reencontramos. Viagens baratas que compramos porque sim, e porque há anos que queremos voltar à Disney. Viagens que nos levam de volta aos sítios onde fomos felizes. Viagens que compramos porque, donde estamos, são o destino mais barato da Europa. E, de repente, estamos em Barcelona.

Ainda bem que há pessoas assim. Pessoas que nos aturam (e se aturam!). Pessoas que marcam a diferença, que têm força, atitude, determinação. Pessoas que nos fazem ver a vida de outra forma. Pessoas que têm calma, quando nós temos pressa. Pessoas que ignoram os seus medos só para nos verem felizes. Pessoas por quem fazíamos e acontecíamos, mesmo que não merecessem. Pessoas que nos divertem e pessoas que não suportamos – o que se calhar só serve para nos mostrar os limites da nossa capacidade de convivência e tolerância.

Ainda bem que há experiências de vida únicas. Ainda bem que somos diferentes, que não gostamos das mesmas coisas nem concordamos com as mesmas ideias. Ainda bem que podemos ver tudo de perspectivas opostas, complementares. E ainda bem que quando nós vemos o copo meio vazio, há sempre alguém que o vê meio cheio.

Ainda bem que há momentos assim. Aqueles que ficam na memória; as “fotografias mentais” a que só nós temos acesso e que, através dos sentidos, nos podem levar para longe.

Hoje tive mais um dia assim. Um dia com amigas assim, pessoas únicas, músicas daquelas. Um dia cheio, que pelo meio teve aulas, trabalho, conversas, danças... Um dia em que as coisas menos boas se diluem no meio das surpresas, das boas notícias e dos objectivos alcançados. E chego ao fim do dia e caio na cama, cansada e com sono, mas só me ocorre um pensamento... Ainda bem que há dias assim!

1 comment:

  1. Obrigado pelo regresso dos textos longos. Afinal, a leitura de hora de almoço é recíproca.

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